"Quinta 14 de janeiro de 2010. 22hs...
“A aula de Filosofia acabou. O céu está para desabar como vem fazendo nos últimos dias... esse mês é foda. Puta merda, como é que vou fazer pra ir pra casa? Tenho exato R$ 5,50... ainda bem que o Tio da carrocinha não tá aí, se não já tinha comprado paçoca e gasto meus 0,50 centavos...”.
Ligo para minha mãe afim de uma possível solução. Em vão. Sem carro, sem opção.
Rumo à Niterói dentro de um 515 na companhia de uma amiga de classe e mais alguns desconhecidos. Ela não gosta de sentar na frente, e eu sento sempre nos primeiros bancos.
A chuva não caiu, pelo menos não enquanto eu estava na faculdade vendo a tempestade se formar. Mas, conforme o ônibus ia seguindo seu caminho, notei algumas ruas ainda bastante molhadas. Ainda bem que ela não caiu. Ainda bem que não em mim.
Decido descer na primeira oportunidade possível.
O ônibus quase passa do ponto, e eu quase me desespero.
Notei certo movimento no ponto em questão. Desci, atravessei, corri.
Esperei por menos de 10 minutos a vinda do meu ônibus, mas parecia que eu estava ali há séculos.
Conforme cheguei, todos os presentes se foram no ônibus que passou.
Fiquei sozinha.
E todas as linhas de ônibus circulavam ativamente, menos a minha.
Desespero. Suor frio.
Enfim, a graça. “É ele! Graças à Deus!”.
Não me importei de ir em pé. Fui lá à frente, como sempre, perto do motorista. Não me perguntem o motivo, só sei que assim prefiro.
Logo sentei e senti certa paz.
Até, óbvio, o momento do desembarque e a constatação de que minha mãe ainda não estava ali a me esperar.
Andei rápido, quase corri. Ao alcançar a calçada de casa, fui de encontro a ela.
Ela se desculpou e eu entendi.
Já estava em casa.
Segura (?)."